segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Filosofia

O homem sempre se questionou sobre temas como a origem e o fim do universo, as causas, a natureza e a relação entre as coisas e entre os fatos. Essa busca  de um conhecimento que transcende a realidade imediata constitui a essência do pensamento filosófico, que ao longo da história percorreu os mais variados caminhos, seguiu interesses diversos,  elaborou muitos métodos de reflexão e chegou a várias conclusões, em diferentes sistemas filosóficos.
O termo filosofia deriva do grego phílos ("amigo", "amante") e sophía ("conhecimento", "saber") e tem praticamente tantas definições quantas são as correntes filosóficas. Aristóteles a definiu como a totalidade do saber possível que não tenha de abranger todos os objetos tomados em particular; os estóicos, como uma norma para a ação; Descartes, como o saber que averigua os princípios de todas as ciências; Locke, como uma reflexão crítica sobre a experiência; os positivistas, como um compêndio geral dos resultados da ciência, o que tornaria o filósofo um especialista em idéias gerais. Já se propuseram outras definições mais irreverentes e menos taxativas. Por exemplo, a do britânico Samuel Alexander, para quem a filosofia se ocupa "daqueles temas que a ninguém, a não ser a um filósofo, ocorreria estudar".
Pode-se definir filosofia, sem trair seu sentido etimológico, como uma busca da sabedoria, conceito que aponta para um saber mais profundo e abrangente do homem e da natureza, que transcende os conhecimentos concretos e orienta o comportamento diante da vida. A filosofia pretende ser também uma busca e uma justificação racional dos princípios  primeiros e universais das coisas, das ciências e dos valores, e uma reflexão sobre a origem e a validade das idéias e das concepções que o homem elabora sobre ele mesmo e sobre o que o cerca.
Ao longo de sua evolução histórica, a filosofia foi sempre um campo de luta entre concepções antagônicas -- materialistas e idealistas, empiristas e racionalistas, vitalistas e especulativas. Esse caráter necessariamente antagonista da especulação filosófica decorre da impossibilidade de se alcançar uma visão total das múltiplas facetas da realidade. Entretanto, é justamente no esforço de pensar essa realidade, para alcançar a sabedoria, que o homem vem conquistando ao longo dos séculos uma compreensão mais cabal de si mesmo e do mundo que o cerca, e uma maior compreensão das próprias limitações de seu pensamento.


Origem da filosofia

As culturas mais primitivas e as antigas filosofias orientais expunham suas respostas aos principais questionamentos do homem em narrativas primitivas, geralmente orais, que expressavam os mistérios sobre a origem das coisas, o destino do homem, o porquê do bem e do mal. Essas narrativas, ou "mitos", durante muito tempo consideradas simples ficções literárias de caráter arbitrário ou meramente estético, constituem antes uma autêntica reflexão simbólica, um exercício de conhecimento intuitivo.
Observando que os antigos narradores -- Homero, Hesíodo -- só transmitiram tradições, sem dar nenhuma prova de suas doutrinas, Aristóteles, um dos fundadores da filosofia ocidental, distinguiu entre filosofia e mito dizendo ser próprio dos filósofos o dar a razão daquilo que falam.
Estabeleceu-se assim na cultura ocidental uma primeira delimitação do conceito de filosofia como explicação racional e argumentada da realidade. No entanto, não havia sido definida nesse momento a separação da filosofia e das diversas ciências. Aristóteles, por exemplo, investigou tanto sobre metafísica especulativa, como sobre física, história natural, medicina e história geral, todas reunidas sob a denominação comum de filosofia. Somente a partir da baixa Idade Média e mais ainda do Renascimento, as diversas ciências se diferenciaram e a filosofia se definiu em seus atuais limites e conteúdos.

Filosofia grega

Foi na Grécia, no século VI a.C., que nasceu a filosofia. Ali, em apenas três séculos, foram propostos os grandes temas de que se ocupou o pensamento filosófico ao longo da história. A figura de Sócrates, cujos ensinamentos só são conhecidos por meio da obra de seus discípulos, Platão e Xenofonte, tem servido tradicionalmente de linha divisória para estabelecer as duas grandes etapas da filosofia grega: o período pré-socrático e o da maturidade, representado este, fundamentalmente, pelas obras de Platão e Aristóteles.

Pré-socráticos.

O objeto primordial da primitiva filosofia grega foi a reflexão acerca da origem e da natureza do mundo físico e dos elementos que o constituem e permitem explicá-lo. Isto é, aquilo que em termos atuais seria denominado uma metafísica da matéria. O pensamento pré-socrático desenvolveu-se entre uma cosmologia monista e outra pluralista, entre o materialismo e o idealismo, entre a afirmação dos grandes valores transcendentes e o relativismo antropológico.

Cosmologias monistas. 

O primeiro pensador que, segundo Aristóteles, pode ser considerado filósofo foi Tales de Mileto, um dos chamados "sete sábios" da Grécia, que viveu no século VI a.C. Como cientista, aplicou seus conhecimentos matemáticos e astronômicos à medição de distâncias e à previsão de eclipses; como filósofo, estabeleceu uma explicação racional -- sem apoio no mundo mitológico -- sobre a origem do mundo, que disse ser formado de água.
Anaximandro, contemporâneo e concidadão de Tales, escreveu o primeiro texto filosófico conhecido, que intitulou Sobre a natureza. Ao estabelecer  que o princípio (arké) de todas as coisas seria o "indeterminado" (ápeiron), Anaximandro deslocou o problema do plano físico material para o plano lógico. Anaxímenes, seu discípulo, voltou a um princípio material, que ele identificou no ar.

Cosmologias pluralistas. 

Empédocles, nascido na Sicília no século V a.C., foi sacerdote, vidente, taumaturgo - realizador de milagres --, político, médico, poeta e cientista. Estabeleceu como princípio da matéria, quatro elementos ou raízes do ser: fogo, água, ar e terra. As misturas ou separações entre esses elementos se produziriam pelo efeito de duas forças cegas, o "amor" e o "ódio". Por sua vez, Anaxágoras, seu contemporâneo, propôs uma inteligência (nous) que teria agitado as partículas primitivas, de modo que logo chegaram a formar as atuais combinações. Mais tarde, Demócrito defenderia a existência de átomos de igual natureza mas de diferentes formas e magnitudes, que, ao constituir diversas combinações no espaço, dariam origem aos diferentes corpos que se conhecem.

Realidade e aparências. 

Parmênides (século V a.C.), fundador da escola eleática, pensava que nada pode começar a existir, nem tampouco desaparecer, porque procederia do nada ou se converteria em nada, o que não é possível porque o nada não existe. Também não existe o movimento ou mudança, e somente, portanto, um único ser, total, imutável e compacto. Seu discípulo Zenão propôs o famoso argumento segundo o qual Aquiles, o mais veloz entre os corredores, não poderia alcançar uma tartaruga, porque lhe seria necessário para isso percorrer a metade do espaço interposto entre eles, em seguida a metade da metade e assim por diante interminavelmente. Desse modo, os filósofos eleáticos separaram, de um lado, as aparências (doxá, "opiniões") que os sentidos percebem e que se mostram contraditórias em uma análise racional e, de outro lado, a realidade que a razão oferece e que é objeto do verdadeiro conhecimento.
Heráclito de Éfeso (século VI a.C.) havia afirmado, pelo contrário, que somente existia o movimento (a mudança, o devir). Tudo flui e nada permanece: "Ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio." O movimento se produz pela tensão entre os contrários e provoca "o eterno retorno" de todas as coisas, regido pelo logos, que constitui a lei do universo. Segundo interpretações modernas, não há contradição entre Parmênides e Heráclito, uma vez que suas respectivas doutrinas enfocam dois planos diferentes do ser: o absoluto (metafísico) e o cosmos (físico).

Metafísica do número. 

Pitágoras de Samos (século VI a.C.), bom conhecedor do Oriente e do Egito, fundador de um grupo ao mesmo tempo científico e religioso, introduziu na Grécia a idéia da reencarnação das almas, não sob a forma vulgar modernamente conhecida, mas como transmigração por várias formas de existência. Sua principal contribuição à filosofia foi considerar os números, as relações e formas matemáticas como a essência e a estrutura de todas as coisas. Cada coisa possui um número (arithmós arkhé), que expressa a "fórmula" da sua constituição íntima. De outro lado, as leis que governam o cosmos são também relações matemáticas.

Relativismo antropológico dos sofistas. 

Os sofistas fizeram do ato de pensar uma profissão remunerada. Seu ceticismo em gnosiologia levou-os a uma moral oportunista. Se é impossível conhecer o mundo real, o que importa são as aparências e, por conseguinte, o êxito na vida e a influência sobre os outros. Daí o valor que concederam à retórica e à oratória. A célebre máxima "o homem é a medida de todas as coisas" constitui um resumo do relativismo filosófico dos sofistas.

Grandes filósofos atenienses.

  Sócrates. Interessado, como os sofistas no homem concreto, cujo saber interrogava, Sócrates pretendeu, no entanto, exatamente o contrário deles. Procurou demonstrar as incongruências entre idéias e atos, incitar o homem a distinguir por si mesmo o justo do injusto e a agir corretamente. A probidade ética de Sócrates desagradou tanto aos conservadores quanto aos defensores da democracia, que o acusaram de impiedade e o condenaram à morte. Ele poderia tê-la evitado, mas aceitou-a por obediência às leis.

Platão. 

A teoria das idéias, uma das principais contribuições filosóficas de Platão, procurava solucionar o problema da realidade e das aparências, da unidade ou pluralidade do ser. Platão considerava que as coisas que percebemos são imagens -- sombras projetadas em nossa estreita caverna -- de realidades superiores que existem imutáveis no mundo das idéias, presididas pela idéia do bem. O filósofo argumentava que, apesar de não existirem duas figuras exatamente iguais, a matemática demonstra a existência do princípio da perfeita igualdade, que deve existir para que exista uma verdadeira ciência.
Toda a filosofia posterior continuaria a se questionar sobre a localização das essências imutáveis que fundamentam uma ciência ou uma ética, e sobre serem essas essências algo mais que uma mera probabilidade. Os primeiros filósofos cristãos situaram o mundo das idéias na mente divina, como causa exemplar (arquétipo, modelo) de toda a criação. A filosofia de Platão -- idealista, simbólica, estética -- se desliga do mundo cotidiano, o mundo das aparências, e estimula a penetrar num mundo mais profundo, que de alguma forma estaria subjacente ao mundo de cada dia e que seria estimulado por este último. Muitas das contradições que aparecem nos escritos de Platão só poderiam ser resolvidas mediante o conhecimento do ensino oral do filósofo, que o considerava a parte mais importante de seu pensamento. Mas as pesquisas que permitiriam reconstituir o conteúdo desse ensinamento oral só puderam ser realizadas no século XX.

Aristóteles. 

Discípulo de Platão e preceptor de Alexandre o Grande, Aristóteles foi o grande organizador da filosofia ocidental e muito especialmente da metafísica (estudo do ente enquanto tal) e da lógica, que, nas colocações formuladas por ele, sobreviveu sem a mínima variação até a aparição da moderna lógica formal ou matemática. O método aristotélico associa a observação minuciosa com uma sistematização racional radical. Como a filosofia depois se dividiu em empiristas e racionalistas, muito se veio a debater se Aristóteles pertencia a uma ou outra dessas correntes, porém o mais exato é dizer que ele tem uma posição intermediária: o conhecimento vem pela experiência (como pretendem os empiristas) mas só se torna válido quando está em conformidade com os princípios lógicos. A contribuição mais duradoura de Aristóteles foi a organização do sistema das ciências como totalidade orgânica e o estabelecimento dos graus de confiabilidade dos vários métodos e conhecimentos.

Últimas filosofias da antiguidade. 

A dissolução, em primeiro lugar, da cidade-estado e a decomposição, mais tarde, do império de Alexandre o Grande mergulharam a antiga Grécia numa época de decadência e incerteza. Aos grandes sistemas filosóficos anteriores sucederam outros de ambições mais modestas, cujo objetivo fundamental era ajudar os homens a obter tranqüilidade. Assim, enquanto a escola estóica preconizou a moderação das paixões, o epicurismo enfatizou a busca da felicidade. O ceticismo, por sua vez, negou a possibilidade de um conhecimento absoluto e sublinhou a importância dos interesses individuais.
Outra corrente filosófica do final da antiguidade foi o neoplatonismo, sobretudo com Plotino (205-270 da era cristã). De índole simbólica e mística, essa filosofia muito influenciou o cristianismo medieval, até a redescoberta da filosofia de Aristóteles.

Filosofia medieval

O cristianismo, que impulsionou a cultura ocidental durante toda a Idade Média, trouxe uma nova visão de Deus, da criação e do destino humano, na qual se destacavam temas completamente estranhos à filosofia grega, como os da imortalidade da alma individual, da autoconsciência como fundamento do conhecimento etc. Foi muito forte, nesse período, a vinculação entre filosofia e teologia.
Os primeiros padres da igreja recorreram à terminologia conceitual da filosofia neoplatônica para explicar sua própria fé. Destacou-se entre eles o pensamento de santo Agostinho, retomado pela escola franciscana.

Filosofia escolástica. 

Traduções e comentários dos textos aristotélicos, conhecidos em boa parte por intermédio dos pensadores árabes, como Avicena e Averróes, e judeus (Maimônides) deram na Idade Média nova orientação às escolas teológicas e despertaram novo interesse pela lógica e a metafísica. Santo Alberto Magno e santo Tomás de Aquino foram os principais artífices da adaptação da filosofia aristotélica, que se impôs após grandes dificuldades, entre elas condenações eclesiásticas.
Frente ao intelectualismo aristotélico-tomista sobreviveu na filosofia medieval outra corrente voluntarista augustiniana, cujos principais representantes foram são Boaventura, John Duns Scotus e, em uma linha mística mais neoplatônica, Mestre Eckhart e Nicolau de Cusa.
O século XIV representou a decadência da escolástica, empenhada em controvérsias cada vez mais sutis e incapaz de formular novas contribuições de interesse para a filosofia. Exceções a isso foram Guilherme de Ockham, que propôs uma distinção mais rigorosa entre teologia e filosofia, e a escolástica portuguesa, que continuou a desenvolver-se até o século XVII, mas sem exercer, por seu isolamento, qualquer influência no resto do pensamento europeu.

Do Renascimento ao idealismo alemão

Renascimento. As grandes transformações culturais, econômicas e sociais dos séculos XV e XVI afetaram também a filosofia, que, de monopólio até então quase exclusivo da classe universitária ("escolástica" é o mesmo que "escolar") passou a interessar a uma outra camada de intelectuais, sem vínculo com a universidade e mais ligados à aristocracia e à cultura dos palácios. O resultado foi a ruptura dos vínculos com a teologia e um crescente processo de  secularização da filosofia. Entre muitos dos novos intelectuais, o interesse primordial já não era pelos temas sacros (divinae litterae, "letras divinas") e sim pela literatura secular (humanae litterae), daí seu nome de "humanistas". As preocupações dos filósofos renascentistas, que seriam desenvolvidas nos séculos posteriores, giraram em torno de três grandes temas: o homem, a sociedade e a natureza.
Foram os humanistas que se encarregaram da reflexão sobre o primeiro desses temas. A nova organização do pensamento renascentista fez prevalecer Platão sobre Aristóteles, a retórica sobre a dialética medieval, os diálogos literários sobre as disputas lógicas escolásticas. Com a recuperação da literatura clássica, manifestaram-se também as influências das filosofias do último período da antiguidade, como o atomismo, o ceticismo e o estoicismo.
No pensamento social, sobressaiu a figura de Nicolau Maquiavel, que defendeu em O príncipe (1513) a aplicação da "razão de estado" sobre as normas morais. No século XVII destacaram-se no pensamento político as figuras do inglês Thomas Hobbes e do holandês Hugo Grotius. O primeiro defendeu a existência de um estado forte como condição da ordem social; Grotius apelou para a lei natural como salvaguarda contra a arbitrariedade do poder político.

Filosofia da natureza. 

Se os filósofos medievais haviam concebido a natureza como um todo orgânico, hierarquizado segundo uma ordem estabelecida por Deus, os renascentistas conceberam-na como uma pluralidade regida pelas leis da mecânica e presidida pela ordem matemática. Seu método consistia numa fusão da experiência com a matemática, ora enfatizando esta (Galileu), ora aquela (Bacon). A atitude científica do Renascimento se manifestou sobretudo nas obras de Nicolau Copérnico e de Galileu Galilei, e encontrou seu apogeu na figura de Isaac Newton, que publicou em 1687 sua fundamental Philosophiae naturalis, principia mathematica (Princípios matemáticos da filosofia natural).

Racionalismo. 

A natureza e a matemática, a observação e a especulação racionalista, unidas em princípio, acabaram separando-se em duas correntes distintas, o empirismo e o racionalismo. Ambos os sistemas filosóficos se desenvolveram fora das universidades, onde se continuou a ensinar um aristotelismo cada vez mais diluído.
O racionalismo, em cuja base se encontra a confiança na capacidade absoluta da razão para alcançar o conhecimento, serviu-se do método dedutivo para suas elaborações teóricas. Seu principal representante foi René Descartes, iniciador do subjetivismo moderno. O pensamento de Descartes, desenvolvido sobretudo em seu Discurso sobre o método (1637), fundamenta-se numa primeira evidência -- "penso, logo existo" -- a partir da qual já era possível a aquisição de novas idéias. A garantia da certeza dessas últimas se produzia quando cumpriam a condição de serem claras, distintas e não contraditórias. Importantes adeptos dessa corrente filosófica foram também Spinoza e Leibniz.

Empirismo. 

 O empirismo, que foi em suas origens apenas um método de investigação científica, acabou por se transformar, com o tempo, em uma corrente filosófica de suma importância para o pensamento e a ciência posteriores. Seu primeiro representante foi o inglês Francis Bacon, que propôs tal método em seu Novum organum (1620), cujo título era um claro convite à renovação do organum, ou seja a metodologia lógica de Aristóteles. Bacon postulava como elementos fundamentais da investigação científica a observação, a experimentação e a indução.
Figuras fundamentais do empirismo, além de Hobbes e Newton, foram também John Locke e David Hume, que, na segunda metade do século XVII e na primeira do XVIII, estabeleceram a formulação definitiva dessa corrente filosófica.

Iluminismo. 

O século XVIII, conhecido como o Século das Luzes ou Iluminismo, representou o apogeu do empirismo clássico e do racionalismo. Mais do que a contribuição de novas idéias filosóficas, o que caracterizou essencialmente esse período foi a sistematização e divulgação das que haviam sido formuladas até então. A publicação da Encyclopédie (1751-1772), sob a direção do francês Denis Diderot, constitui exemplo excepcional desse empenho. Seu compatriota Voltaire, literato, historiador e filósofo, é, talvez, a personalidade que melhor representa o espírito do Século das Luzes.
No terreno da filosofia social e política destacaram-se Jean-Jacques Rousseau e o barão de Montesquieu, que defenderam a liberdade e a igualdade entre todos os cidadãos. Montesquieu propôs em L'Esprit des lois (1748; O espírito das leis) a divisão dos poderes como garantia da liberdade política. Rousseau, por sua vez, em Du contrat social (1762; O contrato social), reconheceu como depositário do poder o povo, que o cede aos governantes mediante uma delegação revogável segundo sua vontade. No campo da filosofia especulativa, o século XVIII viu nascer um pensamento materialista e ateu, cujo principal representante foi Diderot.

Idealismo alemão. 

Immanuel Kant, contemporâneo dos iluministas e identificado com suas idéias políticas, foi também fundador do idealismo alemão. Retratando sobre o modo pelo qual a filosofia obtém seus conhecimentos científicos universais a partir dos dados sensíveis particulares, Kant afirmou que a missão da filosofia é determinar a capacidade da razão para alcançar a verdade. Para ele, a razão aplica certas categorias -- condições a priori, isto é, anteriores -- aos fenômenos da experiência. Não se conhece, portanto, a coisa em si, mas seu "fenômeno", sua manifestação. Esse modo de conhecimento não é aplicável aos objetos da metafísica, como Deus ou a imortalidade da alma, que não podem ser conhecidos pela razão teórica, mas somente pela razão prática, que opera na ordem moral.
São também representantes destacados do idealismo alemão Johann Gottlieb von Fichte, Friedrich Wilhelm von Schelling e G. W. F. Hegel, filósofos que levaram a tal extremo o racionalismo subjetivista iniciado no Renascimento que chegaram a beirar o irracionalismo romântico. Romântica foi, efetivamente, sua aproximação da religião e seu distanciamento da ciência experimental; sua exaltação cósmica do eu e a preeminência que concederam à vontade e à moral.

Positivismo e ciências sociais

Positivismo. No tempo em que na Alemanha prevalecia o idealismo, no Reino Unido e na França a evolução do empirismo deu lugar à aparição do utilitarismo de Jeremy Bentham e de John Stuart Mill e ao positivismo de Auguste Comte. O utilitarismo, que propunha "a maior felicidade para o maior número possível de indivíduos", negou a validade dos princípios abstratos e criticou o autoritarismo. O positivismo, por sua vez, definiu a existência de três estágios de desenvolvimento na história da humanidade -- o teológico-mitológico, o metafísico e o positivo -- e considerou que, já superados os dois primeiros, cabe ao pensamento filosófico, no estágio positivo, unicamente a descrição dos fenômenos, abstendo-se de interpretá-los metafisicamente.
Marxismo. Karl Marx propôs como objeto da reflexão filosófica o estudo das relações econômicas e sociais e afirmou que a missão da filosofia, que até então tinha sido a de pensar o mundo, devia ser agora a sua transformação. Marx subverteu a dialética de Hegel, segundo a qual a história culminava no estado, garantia da liberdade do homem, e considerou a luta de classes como a força motora da história.
Novas correntes. A segunda metade do século XIX assistiu ainda ao surgimento de diversas tendências filosóficas, entre as quais sobressaíram o pragmatismo de William James; o irracionalismo de Søren Kierkegaard, que antepôs o mundo emocional ao racional; a filosofia da vontade de Schopenhauer; o vitalismo de Nietzsche, destruidor dos valores tradicionais e arauto do super-homem; e, sob o impulso da obra do naturalista Charles Darwin, o evolucionismo.

Filosofia na atualidade

A partir do começo do século XX teve início uma reflexão radical sobre a natureza da filosofia, sobre a determinação de seus métodos e objetivos. No que diz respeito ao método, destacaram-se as novas reflexões sobre a epistemologia ou ciência do conhecimento -- surgidas a partir do estudo analítico da linguagem -- e o impulso dado à filosofia da ciência. As preocupações fundamentais do pensamento filosófico foram as concernentes ao homem e sua relação com o mundo que o cerca.
Dentro da chamada filosofia analítica, o empirismo lógico do Círculo de Viena foi uma das correntes filosóficas que mais ressaltaram ser a filosofia como um método de conhecimento. Para essa corrente, o objeto da filosofia não é a proposição de um sistema universal e coerente que permita explicar o mundo, mas sim o esclarecimento da linguagem das proposições lógicas ou científicas. Ora, para que elas tenham sentido, devem ser verificáveis, de tal modo que as que não o forem -- por exemplo, proposições acerca da ética ou da religião -- carecem de qualquer interesse filosófico. Também a escola de Oxford considerou a linguagem como objeto de seu estudo, se bem que tenha concentrado sua atenção na linguagem comum, na qual quis descobrir, latentes, as várias concepções elaboradas sobre o mundo. O austríaco Ludwig Wittgenstein insistiu na importância fundamental do estudo da linguagem e afirmou que ela participa da estrutura da realidade, já que não é senão um reflexo, uma "figura", da mesma.
A fenomenologia de Edmund Husserl propôs uma análise descritiva que permitisse chegar à evidência da "própria coisa", não como existente mas como pura essência. Para o vitalismo de Henri Bergson há dois modos de conhecimento: o analítico, no campo da ciência, e a intuição, própria da filosofia e único meio de captar a profundidade do homem e do mundo.
No que diz respeito às inquietaçÕes e propostas da moderna filosofia, cumpre citar o instrumentalismo de John Dewey, que estabeleceu como orientação da filosofia e como critério da verdade a utilidade de uma idéia face às necessidades humanas e sociais; o existencialismo, que antepôs, na sua reflexão filosófica, a própria existência do homem a qualquer outra realidade; ou o estruturalismo, que postulou, no estudo de qualquer realidade, que ela devia ser considerada nas suas inter-relações com o todo de que faz parte.
Numerosos filósofos integraram em seu pensamento elementos pertencentes a escolas filosóficas diferentes. Sartre, por exemplo, foi existencialista e marxista, e os pensadores da chamada escola de Frankfurt ensaiaram uma síntese de marxismo e psicanálise.
Tanto o marxismo, que com sua pretensão de constituir um instrumento transformador da sociedade, ultrapassou a simples classificação de escola filosófica, quanto a psicanálise, que, ao contrário, somente pretendeu em princípio ser uma teoria e uma terapia psicológicas, exerceram influência poderosa no pensamento filosófico contemporâneo.

Linha do Tempo da Filosofia

625 a.C.: Nasce TALES de Mileto.
610 a.C.: Nasce ANAXIMANDRO de Mileto
séc. VI a.C.: Início da filosofia ocidental com Tales de Mileto. São chamados físicos, que procuram o primeiro princípio das coisas.
585 a.C.: Nasce ANAXÍMENES de Mileto.
570 a.C.: Nasce PITÁGORAS. O real se reduz a números ou combinações de números. Nasce XENÓFANES de Colofão.
556 a.C.: Morre Tales de Mileto.
547 a.C.: Morre Anaximandro de Mileto.
540 a.C.:Nasce HERÁCLITO de Éfeso. O real é puro vir a ser.
530 a.C.: Nasce PARMÊNIDES de Eléia. O vir a ser é pura aparência: o ser é imóvel.
528 a.C.: Morrem Anaxímenes de Mileto e Xenófanes de Colofão.
504 a.C.: Nasce ZENÃO de Eléia.
500 a.C.: Nasce ANAXÁGORAS. Espiritualismo, o mundo é governado por uma inteligência.
496 a.C.: Morte de Pitágoras.
485 a.C.: Nasce GÓRGIAS.
480 a.C.: Nasce PROTÁGORAS, Sofística: ceticismo; fenomenismo; morre Heráclito de Éfeso
470 a.C.: Nasce SÓCRATES. Direciona a Atitude Filosófica para o homem. Conhece-te a ti mesmo. Morre Heráclito de Éfeso.
460 a.C.: Nasce DEMÓCRITO. Atomismo. Materialismo. Morre Parmênides de Eléia
440 a.C.: Nasce ANTÍSTENES. Fundador da Escola cínica.
435 a.C.: Nasce ARISTIPO de Cirene. Hedonismo.
430 a.C.: Nasce PLATÃO. Realismo ontológico. Teoria das Idéias.
428 a.C.: Morre Anaxágora.
411 a.C.: Morre Protágoras.
399 a.C.: Sócrates condenado à morte em Atenas.
387 a.C.: Platão funda a Academia em Atenas, a primeira universidade do planeta.
384 a.C.: Nasce ARISTÓTELES. Realismo moderado. Teoria do conceito.
380 a.C.: Morre Górgias
371 a.C.: Morre Demócrito
360 a.C.: Nasce PIRRO. Ceticismo universal.
347 a.C.: Morre Platão.
341 a.C.: Nasce EPICURO. Materialismo. Moral do prazer (ataraxia).
340 a.C.: Nasce ZENÃO de Citium. Estoicismo,
335 a.C.: Aristóteles funda o Liceu em Atenas, escola rival da Academia.
330 a.C.: Nasce EUCLIDES de Alexandria. Funda a geometria
322 a.C.: Morre Aristóteles.
287 a.C.: Nasce ARQUIMEDES. Ciência experimental.
270 a.C.: Morrem Pirro e Euclides de Alexandria
269 a.C.: Morre Epicuro
264 a.C.: Morre Zenão de Citium
214 a.C.: Nasce CARNÉADAS. Nova academia: probabilismo.
212 a.C.: Morre Arquimedes
129 a.C.: Morre Carneadas
106 a.C.: Nasce CÍCERO
98 a.C.: Nasce LUCRÉCIO
55 a.C.: Morre Lucrécio.
43 a.C.: Morre Cícero.

4: Nasce SÊNECA.
95: Nasce LUCRÉCIO. Atomismo. Materialismo.(sistema de Epicuro)
121: Nasce MARCO AURÉLIO
170: Nasce SEXTO EMPÍRICO. Ceticismo universal
180: Morre Marco Aurélio.
205: Nasce MANÉS. Maniqueísmo (dualismo).
324: O imperador Constantino muda a capital do Império Romano para Bizâncio.
354: Nasce SANTO AGOSTINHO.
400: Santo Agostinho escreve Confissões. A filosofia é absorvida pela teologia cristã. Neoplatonismo.
410: Roma é saqueada pelos visigodos.
430: Morre Santo Agostinho.
529: Fechamento da Academia em Atenas, pelo imperador Justiniano, marca o fim da era greco-romana e consolida a entrada na Alta Idade Média.
65: Morre Sêneca.
810: Nasce SCOTO ERIGENA. Neoplatonismo
875: Morre Scoto Erigena.
980: Nasce AVICENA. Aristotelismo.
1033: Nasce SANTO ANSELMO. Realismo Moderado.
1037: Morre Avicena
1050: Nasce ROSCELINO. Nominalismo.
106: Nasce CÍCERO. Ecletismo (probabilismo)
1079: Nasce ABELARDO. Conceitualismo.
1109: Morre Santo Anselmo
1120: Morre Roscelino
1126: Nasce AVERRÓES. Averroísmo (Panteísmo emanatista).
1135: Nasce MAIMÔNIDES. Sincretismo de aristotelismo e judaísmo.
1142: Morre Abelardo
1198: Morre Averróes.
meados do séc. XIII: Tomás de Aquino escreve seus comentários sobre Aristóteles. Era da filosofia escolástica.
1204: Morre Maimônides.
1206: Nasce SANTO ALBERTO, o grande. Aristotelismo.
1221: Nasce SÃO BOAVENTURA. Agostinianismo
1225: Nasce SANTO TOMÁS DE AQUINO. Síntese cristã do aristotelismo e do agostinismo.
1260: Nasce ECKART. Misticismo Neoplatônico.
1265: Nasce DANTE.
1266: Nasce DUNS SCOT. Voluntarismo.
1274: Morrem São Tomás e São Boaventura.
1280: Morre Santo Alberto, o grande.
1283: Morre Siger de Brebant. Averroísmo.
1290: Nasce OCKHAM. Nominalismo
1308: Morre Duns Scot.
1321: Morre Dante.
1322: Morre Pedro Auriol. Empirismo
1327: Morre Eckart.
1349: Morre Ockham.
1360: Morre Nicolau de Autricort.
1453: Queda de Bizâncio para os Turcos, fim do Império Bizantino.
1464: Morre Nicolau de Cusa. Neoplatonismo.
1469: Nasce MAQUIAVEL.
1492: Colombo chega à América. Renascimento em Florença e renovação do interesse pela aprendizagem do grego.
1527: Morre Maquiavel.
1533: Nasce MONTAIGNE. Ceticismo.
1543: Copérnico publica Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes, com um modelo matemático no qual a Terra gira em torno do Sol.
1548: Nascem GIORDANO BRUNO. Averróismo. e SUÁREZ. Ecletismo neotomista.
1549: BRASIL Chegada dos primeiros jesuítas com Tomé de Souza, sendo entregue À Companhia de Jesus o trabalho de catequese e ilustração.
1550: BRASIL Doação de terreno a Manuel da Nóbrega para a construção do primeiro colégio.
1556: BRASIL Funda-se o centro inicial de aprendizado; aplica-se a primeira legislação escolar da Companhia de Jesus.
1559: BRASIL As constituições exigem cinco anos para letras e sete para os estudos de filosofia.
1561: Nasce FRANCIS BACON. Empirismo.
1572: BRASIL Primeiros títulos universitários concedidos e primeiro curso de filosofia no país.
1572/75: BRASIL Primeiros títulos universitários concedidos e primeiro curso de filosofia no país destinado aos membros da Companhia de Jesus, ministrado pelo Pe. Gonçalo Leite.
1580: BRASIL Provável início do estudo oficial da filosofia no Brasil, em Olinda.
1588: Nasce HOBBES.
1592: Morre Montaigne.
1596: Nasce DESCARTES. Cartesianismo (Idealismo).
1608: BRASIL Nasce ANTONIO VIEIRA.
1613: Nasce LA ROCHEFOUCOULD.
1623: Nasce PASCAL.
1629: BRASIL Curso de Filosofia, de autoria do Padre Antonio Vieira, considerado como o primeiro livro de textos para lições que proferiu no curso de artes nos anos 1629 e 1632.
1632: Nascem LOCKE, empirismo e SPINOZA, panteísmo.
1633: Galileu é forçado pela Igreja a abjurar a teoria heliocêntrica, até que (e se) surgissem evidências conclusivas dessa hipótese.
1638: Nasce MALEBRANCHE. Ontologismo.
1641: Descartes publica Meditações, início da filosofia moderna.
1642: Morre Galileu Galilei.
1642: Nasce NEWTON.
1646: Nasce LEIBNIZ. Ecletismo idealista.
1650: Morre Descartes.
1662: Morre Pascal.
1677: Morre Spinoza. Publicação póstuma de sua obra Ética.
1679: Morre Hobbes
1685: Nasce GEROGE BEKELEY.
1687: Isaac Newton publica Principia, introduzindo o conceito de gravidade.
1689: Locke publica o Ensaio Sobre o Entendimento Humano. Início do Empirismo.
1689: Nasce MONTESQUIEU
1699: BRASIL Nasce Sebastião José de Carvalho e Melo, o MARQUÊS DE POMBAL.
1704: Morre Locke.
1705: BRASIL Nasce MATIAS AIRES.
1710: Berkeley publica Princípios do Conhecimento Humano, levando o empirismo a novos extremos.
1711: Nasce DAVID HUME.
1713: Nasce DIDEROT
1715: Nascem Etiènne Bonnot de CONDILLAC e Claude-Adrien HELVÉTIUS.
1716: Morte de Leibniz.
1718: BRASIL Nasce LUIZ ANTONIO VERNEY.
1724: Nasce IMMANUEL KANT.
1727: Morre Newton.
1739-40: Hume publica Tratado Sobre a Natureza Humana, conduzindo o empirismo a seus limites lógicos.
1740: BRASIL Nasce FRANCISCO SANTOS LEAL.
1747: BRASIL Publicação de Verdadeiro Método de Estudar, de Luiz A. Verney.
1752: BRASIL Publicação de Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, de Matias Aires.
1753: Morre Berkeley.
1755: Morte de Montesquieu.
1762: Nasce FICHTE.
1763: BRASIL Morre Matias Aires.
1769: BRASIL Nasce, em Lisboa, SILVESTRE PINHEIRO FERREIRA, ministra no Brasil aula de filosofia entre 1810 a 1821.
1770: Nasce HEGEL.
1771: Morre Helvétius.
1772: Nasce Joseph-Marie DEGÉRANDO.
1773: BRASIL Suspensão da Companhia de Jesus no Brasil
1776: Morre David Hume.
1780: Morre Condillac.
1781: Kant, despertado de seu sono dogmático por Hume, publica a Crítica da Razão Pura. Início da grande era do idealismo alemão.
1782: BRASIL Morre Pombal.
1784: Morre Diderot.
1784: BRASIL Nascem FRANCISCO DE MONTALVERNE e DIOGO FEIJO.
1788: Nasce ARTHUR SCHOPENHAUER.
1788/92: BRASIL Publicação de História dos Filósofos Antigos e Modernos, de Francisco Leal.
1798: Nasce AUGUSTE COMTE. Positivismo.
1804: Morre Kant.
1807: Hegel publica Fenomenologia do Espírito: apogeu do idealismo alemão.
1808: BRASIL Chegada da corte portuguesa ao Brasil.
1813: Nasce KIERKEGAARD
1813: BRASIL Nasce MAUÁ; Silvestre Pinheiro Ferreira inicia curso de filosofia no Real Colégio de São Joaquim e publica Preleções Filosóficas sobre a Teórica dos Discursos e da Linguagem, a Estética, a Diceósina e a Cosmologia.
1814: Morre Fichte
1814: BRASIL Nasce PEDRO DE FIGUEIREDO.
1817: Morre Durkheim.
1818: Nasce KARL MARX.
1818: Schopenhauer publica O Mundo Como Vontade e Representação.
1818: BRASIL Morre Francisco Santos Leal; Padre Diogo Feijó em seus Cadernos de Filosofia dedica-se a transmitir os aspectos centrais do pensamento kantiano, sendo um dos seus primeiros divulgadores no país.
1822: BRASIL Proclamação da Independência do Brasil.
1824: BRASIL Nasce Manuel Maria de Moraes e Vale.
1827: BRASIL São criados os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em cujas escolas se concentravam os núcleos mais importantes do debate de idéias novas; o pensamento filosófico começa a adquirir certa autonomia em nosso meio, sob a égide do romantismo,
1831: Morre Hegel.
1833: BRASIL Nasce Benjamin Constant Botelho de Magalhães
1835: BRASIL Feijó se torna regente do império.
1837: BRASIL Fundação do Colégio Pedro II.
1839: BRASIL Nasce Tobias Barreto; publicação em Paris de Noções Elementares de Filosofia Geral e Aplicada às Ideologias de Silvestre Pinheiro, com qual procurava superar o compêndio de Genuense, admitido no Brasil e além-mar como o livro de texto no ensino de filosofia.
1839: Nasce PEIRCE
1840: BRASIL Nasce Luís Pereira Barreto.
1842: Nasce WILLIAM JAMES. Morre Degérando.
1842: BRASIL Em Discurso sobre o Objeto e Importância da Filosofia, Gonçalves de Magalhães preconiza entusiasticamente o racionalismo como único método que deve orientar o estudo da filosofia, apesar de haver sido o mais alto representante da primeira fase romântica no Brasil. E resume a filosofia de seu tempo em quatro sistemas: sensualismo, espiritualismo, cepticismo e misticismo.
1843: BRASIL Morre Diogo Feijó.
1844: Nasce NIETZSCHE. Marx escreve Manuscritos de Filosofia e Economia que dão origem a teoria Marxista.
1844: BRASIL Apresentada à faculdade de Medicina de Salvador a tese Plano e Método de um Curso de Filosofia, de Justiniano da Silva Gomes, considerada a primeira manifestação do positivismo no Brasil.
1846: BRASIL Antonio Pedro de Figueiredo funda a revista O Progresso e traduz Curso de História da Filosofia Moderna, de Victor Cousin. Morre Silvestre Pinheiro Ferreira.
1848: Nasce FREGE
1850: BRASIL Abolição do tráfico negreiro.
1854: BRASIL Publicação de Investigação de Psicologia do méidco Eduardo Ferreira França.
1855: Morre Kierkegaard.
1855: BRASIL Morre Frei Francisco de MontAlverne.
1857: Nasce SAUSSURE
1857: Morre Comte.
1858: Nasce ÉMILE DURKHEIM.
1859: Nascem EDMUND HUSSERL e JOHN DEWEY.
1859: BRASIL Nascem Pedro Lessa e Clovis Beviláqua; morre Antonio Pedro de Figueiredo; publicada Compêndio de Filosofia, obra póstuma de frei Francisco de Mont’Alverne.
1860: Morre Schopenhauer.
1862: BRASIL Nasce Raymundo de Farias Brito.
1864: Nasce MAX WEBER.
1866: BRASIL Nasce Euclides da Cunha.
1868: BRASIL Em A Propósito de uma Teoria de Santo Tomás de Aquino, Tobias Barreto rompe com a filosofia dominante, adotando os princípios de Comte.
1872: Nasce RUSSELL
1874: BRASIL Publicação de Filosofia Teológica de Luís Pereira Barreto.
1876: BRASIL Publicação de Filosofia Metafísica de Luís Pereira Barreto; é fundada no Rio de Janeiro a primeira sociedade positivista.
1877: BRASIL Miguel Lemos publica Pequenos Ensaios Positivistas e, junto com Raimundo Teixeira Mendes, inaugura a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, transformada logo depois em Apostolado Positivista do Brasil.
1878: BRASIL Silvio Romero lança A Filosofia no Brasil, primeiro livro sobre a filosofia no país.
1879: Gottlob Frege, publica a Begriffsschrift (Conceitografia ou Ideografia), um marco na história da Lógica e da tradição posteriormente conhecida como filosofia analítica.
1882: Nietzsche, em sua obra Gaia Ciência afirma: Deus estava morto.
1882: BRASIL Morre Gonçalves de Magalhães.
1883: Nasce JOHN MAYNARD KEYNES.
1883: Morre marx.
1889: Nasce MARTIN HEIDEGGER.
1889: BRASIL Proclamação da República
1891: BRASIL Nasce ALCIDES BEZERRA.
1892: Nasce WALTER BENJAMIN. Escola de Frankfurt.
1892: Gottlob Frege, publica Sobre Sentido e Referência, onde apresenta um paradoxo envolvendo semântica e epistemologia, e também uma solução para o mesmo. O paradoxo envolve sinônimos e a possibilidade de uma pessoa desconhecer a relação de sinonímia. 1894: BRASIL Nascem Pontes de Miranda e Alceu Amoroso Lima.
1895: Nasce MAX HORKHEIMER. Escola de Frankfurt.
1895: BRASIL Publicação de A Filosofia como Atividade Permanente do Espírito, de Farias Brito.
1896: Nasce JEAN PIAGET e ROMAN JAKOBSON
1898: G.E.Moore publica The Nature of Judgment, uma das obras que inaugura a tradição da filosofia analítica na Inglaterra.
1899: Nasce MICHAL KALECKI e LOUIS HJELMSLEV
1899: BRASIL Publicação de A Filosofia Moderna, de Farias Brito.
1900: Morre Nietzsche.
1900: BRASIL Nasce Gilberto Freire; publicação de É a História uma Ciência de Pedro Lessa.
1902: Nasce KARL R. POPPER.
1902: BRASIL nasce Sérgio Buarque de Holanda e Leôncio Basbaum.
1903: Moore publica Principia Ethica.
1903: Nasce THEODOR W. ADORNO. Escola de Frankfurt.
1903: Bertrand Russell publica The Principles of Mathematics.
1905: Bertrand Russell publica seu artigo On Denoting, em que expõe pela primeira vez sua teoria das descrições definidas.
1905: nasce JEAN-PAUL SARTRE
1905: BRASIL Publicação de Evolução e Relatividade e A Verdade como Regra das Ações de Farias Brito.
1907: BRASIL Nascem CAIO PRADO JÚNIOR e DJACIR MENEZES.
1908: Nasce MAURICE MERLEAU-PONTY, existencialismo e CLAUDE LÉVI-STRAUSS, Antropologia Estruturalista.
1909: BRASIL Primeira universidade no Brasil: Manaus/AM
1910: Morre William James.
1910: Bertrand Russell e A.N. Whitehead publicam o primeiro volume de Principia Mathematica.
1910: BRASIL - Nasce MIGUEL REALE - Teoria Tridimensional do Direito.
1911: BRASIL Nascem EVALDO COUTINHO e NELSON WERNECK SODRÉ.
1912: BRASIL Nasce ANATOL ROSENFELD; publicação de Estudos de Filosofia do Direito de Pedro Lessa e A Base Física do Espírito de Farias Brito.
1912: Nasce Arne Dekke Eide Næss filósofo e ecologista norueguês, inventor da teoria da ecologia profunda.
1913: Morre Saussure.
1914: BRASIL Nascem ERNANI FIORI e EVARISTO DE MORAES FILHO; Morre Silvio Romero. Publicação de O Mundo Interior de Farias Brito.
1916: BRASIL Morre Miguel Lemos.
1917: BRASIL Morre Farias Brito.
1918: BRASIL Publicação de Filosofia da Arte, de Vicente Licínio Cardoso, e de Noções de História da Filosofia, de Pe. Leonel Franca.
1919: BRASIL Publicado Ensaio de crítica e filosofia de Alcides Bezerra. Nasce GILDA DE MELLO E SOUZA.
1920: Morre Max Weber.
1920: BRASIL Nasce Florestan Fernandes; criação da Universidade do Rio de Janeiro, primeira universidade criada por decreto; é lançado Estética da Vida. De Graça Aranha, que virá a influenciar no movimento modernista de 1922.
Década de 1920: O círculo de Viena (capitaneado por Rudolf Carnap e Moritz Schlick, entre outros) apresenta o positivismo lógico.
1921: Wittgenstein publica o Tractatus logico-phiosophicus, advogando a solução final para os problemas da filosofia.
1921: BRASIL Jackson de Figueiredo lança a revista A Ordem; nascem HENRIQUE CLAUDIO DE LIMA VAZ,Antropologia Filosófica; PAULO FREIRE, Pedagogia da Libertação e DARCI RIBEIRO, Antropologia e Sociologia; morre Paulo Lessa.
1922: BRASIL Semana de Arte Moderna; Jackson de Figueiredo cria o Centro Dom Vital.
1923: BRASIL Nasce PAULO MERCADANTE. Morre Pereira Barreto.
1925: Morre Frege.
1926: BRASIL É extinta a universidade Manaus.
1927: Heidegger publica a primeira parte de Ser e tempo, anunciando a ruptura entre a filosofia analítica e a continental.
1927: BRASIL Nascem ROQUE SPENCER MACIEL DE BARROS e ANTONIO PAIM.
1928: Nasce NOAM CHOMSKY. Rudolf Carnap publica Der logische Aufbau der Welt.
1928: BRASIL Morre Jackson de Figueiredo.
1929: Nasce JÜRGEN HABERMAS. Escola de Frankfurt
1929: BRASIL Nascem BENEDITO NUNES, GERD BORNHEIM e NEWTON DA COSTA.
1930: Kurt Gödel publica The Completeness of the axioms of the functional calculus of logic
1930: BRASIL Revolução de 1930,; nasce Gerd Bornheim.
1931: Gödel publica On formally undecidable propositions of Principia Mathematica and related systems I.
1931: BRASIL Estatuto das Universidades Brasileiras.
1933: BRASIL Nasce NELSON SALDANHA.
1934: BRASIL Criação da Universidade de São Paulo, primeira universidade do novo modelo.
1936: BRASIL Primeira edição de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.
1937: Carnap publica The Logical Syntax of Language.
1937: BRASIL Nasce BENTO PRADO JÚNIOR.
1938: Morre Husserl.
1938: BRASIL Morre Alcides Bezerra.
1940: Walter Benjamin suicida-se. Neste mesmo ano é publicada suas Teses sobre a Filosofia da História.
1940: BRASIL Chega ao Brasil Vilém Flusser, foragido da perseguição aos judeus.
1941: BRASIL Nasce MARILENA CHAUÍ
1942: Camus publica O Mito de Sisifo onde ele começa a desenvolver filosoficamente o conceito do Absurdo, retomando criticamente o pensamento dos filósofos anteriores à ele que também questionaram sobre o absurdo da existência.
1943: Sartre publica O ser e o nada, avançando no pensamento de Heidegger e instigando o surgimento do existencialismo.
1943: BRASIL Nasce RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ.
1945: Morre Keynes.
1945: BRASIL Publicação de História Econômica no Brasil, de Caio Prado Júnior, e de A Filosofia no Brasil de João Cruz Costa.
1948: BRASIL Morre Leonel Franca.
1949: BRASIL Publicação de A doutrina de Kant no Brasil, de Miguel Reale.
1950: Carnap publica Empiricism, Semantic and Ontology.
1950: W.V.O. Quine publica Two Dogmas of Empiricism, que contem uma rejeição da distinção análitico/sintético.
1950: Peter Strawson publica On Referring, criticando aquele paradigma da filosofia (como disse Frank Ramsey), a teoria das descrições definidas de Russell.
1952: Camus publica O Homem Revoltado onde analisa historicamente o conceito de revolta e critica ferozmente o marxismo. Este livro marca o rompimento definitivo de sua amizade com Sartre (que defendia uma colaboração com a URSS), com o qual Camus não podia concordar diante das noticias que saiam por baixo da cortina de ferro. Morre John Dewey.
1953: Publicação póstuma de Investigações Filosóficas, de Wittgenstein. Auge da análise lingüística.
1954: É publicado Doença Mental e Psicologia, de Michel Foucault.
1954: BRASIL Publicação de Compêndio de Filosofia de Luiz Washington Vita.
1955: Morre Teilhard de Chardin, após a publicação de sua obra prima O Fenômeno Humano
1955: BRASIL Criação do ISEB, Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Criado para ser um núcleo irradiador de idéias e tinha como objetivo principal a discussão em torno do desenvolvimentismo, foi fechado com o golpe militar de 1964.
1957: BRASIL Publicação de A Filosofia no Brasil, de Hélio Jaguaribe; Ensaios Filosóficos, de Euríalo Cannabrava e O Brasil no Pensamento Brasileiro, com introdução, organização de Djacir Menezes.
1958: BRASIL Vilém Flusser engaja-se na comunidade filosófica brasileira, tornando-se membro do IBF.
1959: Strawson publica Individuals.
1959: BRASIL Publicação de O Ensino de Filosofia no Brasil, de Evaristo de Moraes Filho.
1960: Morre Albert Camus em um acidente de carro.
1960: BRASIL Publicação de Contribuição à História das Idéias no Brasil de João Cruz Costa.
1961: Morre Merleau-Ponty.
1962: Thomas Kuhn publica The Structure of Scientific Revolutions.
1962: BRASIL Publicação de História Sincera da República de Leôncio Basbaum.
1963: BRASIL Publicação de Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado.
1965: Karl Jaspers publica Kleine Schule Des Philosophischen Denkes (Introdução ao pensamento filosófico) série de pequenos ensaios feitos para um programa de televisão da Baviera.
1965: Morre Hjelmslev
1967: BRASIL Publicação de Panorama da Filosofia no Brasil, de Luís Washington Vita e de História das Idéias Filosóficas no Brasil de Antonio Paim. Bento Prado Júnior defende sua tese de livre-docência Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na filosofia de Bergson, considerada referência internacional sobre o tema.
1968: Morre Luiz Washington Vita. Publicação de Passagem para o poético - Filosofia e Poesia em Heidegger de Benedito Nunes e Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.
1969: Morrem Karl Jaspers e Theodor Adorno
1969: BRASIL Criação do CEBRAP, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Instituição de pesquisa interdisciplinar dedicado à análise da realidade social brasileira e à participação no debate político e institucional; morre Leôncio Basbaum.
1970: Morrem Bertrand Russell e Kalecki
1971: Saul Kripke publica Identity and Necessity.
1971: BRASIL Publicação de Texto e Contexto de Anatol Rosemfeld.
1972: Kripke publica a primeira edição de Naming and Necessity.
1972: BRASIL Publicação de Síntese da História da Cultura Brasileira, de Nelson Werneck Sodré e A Imagem Autônoma, de Evaldo Coutinho.
1973: Morre Max Horkheimer.
1973: BRASIL Publicação da Bibliografia Filosófica Brasileira: Período Contemporâneo: 1931-9171, Rio de Janeiro, pelo Departamento de Filosofia da UFRJ; morre Anatol Rosemfeld.
1975: Hilary Putnam publica O Significado do Significado.
1976: Morre Heidegger.
1976: BRASIL Publicação de Rumos da Filosofia Atual no Brasil em Auto-retratos, de Stanislaus Ladusans, e de A Filosofia no Brasil, de Geraldo Pinheiro Machado.
1977: David Kaplan profere as conferências publicadas mais tarde (1989) com o título Demonstratives-An Essay on the Semantics, Logic ,Metaphysics, and Epistemology of Demonstratives and other Indexicals.
1977: BRASIL Publicação de Dialética: teoria e prática, Gerd Bornheim.
1978: BRASIL Publicação de Militares e Civis: a ética e o compromisso, de Paulo Mercadante.
1979: Tyler Burge publica Individualism and the Mental. Stanley Cavell publica The Claim of Reason.
1979: BRASIL Publicação de Filósofos Brasileiros, de Guilhermo Francovich; Ensaio sobre os fundamentos da lógica de Newton da Costa e O Tupi e o Alaúde de Gilda Mello e Souza.
1980: Richard Rorty publica Philosophy and the Mirror of Nature.
1980: Xavier Zubiri publica Inteligencia Sentiente: Inteligencia y Realidad
1980: Morrem Jean-Paul Sartre e Jean Piaget.
1982: Kripke publica Wittgenstein on Rules and Private Language.
1982: Morre Jakobson.
1983: BRASIL Criação da ANPOF Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia; morre Alceu Amoroso Lima; publicação de 1000 Títulos de Autores Brasileiros, organizado por Geraldo Pinheiro Machado e Humanismo e história - Problemas de Teoria e Cultura de Nelson Saldanha.
1985: Bernard Williams publica Ethics and the Limits of Philosophy.
1985: BRASIL Morre Ernani Fiori.
1987: BRASIL Publicação da Bibliografia Filosófica Brasileira: Período Contemporâneo: 1931-1980, pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro (Salvador/BA); publicação de Grandes Correntes da Filosofia no Século XX e suas Influências no Brasil, de Urbano Zilles e de História das Idéias no Brasil, de José Antonio Tobias; morre Gilberto Freire.
1988: BRASIL Publicação da Bibliografia Filosófica Brasileira: Período Contemporâneo: 1981-1985, pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro (Salvador/BA).
1989: BRASIL Publicação de Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade na Filosofia de Bergson de Bento Prado Júnior.
1990: BRASIL Publicação de A Filosofia no Brasil Catálogo Sistemático dos Profissionais, Cursos, Entidades e Publicações da Área da Filosofia no Brasil, de Antonio Joaquim Severino e O Fenômeno Totalitário de Roque Spencer Maciel de Barros; morre Caio Prado Júnior.
1992: BRASIL Vilém Flusser morre em Robion, França.
1994: Robert B. Brandom publica Making It Explicit. John McDowell publica Mente e Mundo.
1995: BRASIL Publicação de Tópicos Especiais de filosofia moderna de Ricardo Vélez Rodríguez. Morrem Florestan Fernandes e Pontes de Miranda.
1996: BRASIL Morre Djacir Menezes.
1997: BRASIL Morrem Darci Ribeiro e Paulo Freire; publicação de Os Programas de Pós-graduação em Filosofia: 90-95, de Luís Alberto de Boni; publicação de Pequenos Estudos de Filosofia Brasileira de Aquiles Côrtes Guimarães, de História da Filosofia no Brasil de Jorge Jaime.
1998: João Paulo II publica Fides et Ratio.
1999: Patrick Glynn publica o livro God the Evidence: The Reconciliation of Faith and Reason in a Postsecular World.
1999: BRASIL Morrem Roque Spencer Maciel de Barros e Nelson Werneck Sodré. Publicação de Nervura do Real de Marilena Chauí.
2002: BRASIL Morrem Gerd Bornheim e Lima Vaz; publicação de Filosofia Brasileira ontogênese da consciência de si de Luiz Alberto Cerqueira
2005: BRASIL Morre Gilda de Mello e Souza.
2006: BRASIL - Morre Miguel Reale.
2007: Morre Richard Rorty.
2007: BRASIL Morrem Bento Prado Júnior e Evaldo Coutinho.
2009: Morrem Claude Levi-Strauss e Arne Dekke Eide Næss
O Principe - Nicolau Maquiavel

Zenão de Eléia (489 - 430 a.C)

Sabemos pouco sobre a vida de Zenão de Eléia e dos seus pensamentos foram conservados poucos fragmentos. Das suas concepções conhecemos algumas coisas graças sobretudo ao que contêm nos diálogos platônicos Parmênides, no livro Vida dos Filósofos de Diógenes Laércio e nos escritos de Física de Aristóteles.

Ele é conhecido sobretudo pelos paradoxos formulados basicamente sobre a tese da impossibilidade do movimento que hoje são conhecidos como paradoxos de Zenão. Seguindo as pegadas de seu mestre Parmênides, através da dialética, ele tenta afirmar a teoria da imutabilidade do ser reduzindo ao absurdo o seu contrário. A tese contestada por Zenão é a tese dos Pitagóricos que acreditam na multiplicidade do ser em relação ao seu número. Contesta também a tese de Anaxágoras, seu contemporâneo.

Zenão foi discípulo de Parmênides e coloca a serviço de seu mestre seus conhecimentos lógicos inventando vários argumentos com o objetivo de desacreditar os críticos da visão de mundo exposta por Parmênides, com quem visitou Atenas e conheceu Sócrates.

Os paradoxos mais famosos de Zenão são os que buscam demonstrar a inexistência do movimento.  Eles são descritos por Aristóteles nos seus estudos sobre Física. O método de Zenão consiste em assumir como certas as hipóteses das teses dos seus adversários e partindo dessas hipóteses ele chega a conclusões contraditórias e inaceitáveis, buscando assim desacreditar os argumentos de seus antagonistas.

Dos paradoxos, ou aporias (estradas sem saída), criadas por Zenão o mais famoso é o de Aquiles (um dos mais fortes e rápidos guerreiros gregos) e a tartaruga. Mesmo sendo um rápido corredor Aquiles não poderá jamais numa corrida ultrapassar uma lenta tartaruga que está correndo à sua frente pois ao se aproximar da tartaruga esta já percorreu um certo espaço, quando Aquiles percorre esse espaço, a tartaruga percorreu outro espaço menor, quando Aquiles percorre essa segunda distância, a tartaruga já andou um percurso menor ainda e assim sucessivamente em movimentos infinitos e cada vez menores. Conclusão de Zenão: Aquiles pode se aproximar cada vez mais da tartaruga, mas não a ultrapassa jamais. Um argumento similar a esse é o da dicotomia (divisão por dois): Quando existe um movimento de um corpo de um ponto A em direção a um ponto B, antes do corpo atingir B ele deve percorrer metade do caminha entre A e B, depois deve chegar até a metade da metade do caminho de A a B e assim o corpo segue numa divisão infinita entre as duas distâncias sem nunca chegar ao ponto B como ilustrado abaixo.
A--------------------A1----------A2-----A3-----B

A dicotomia demonstra a impossibilidade do movimento porque quando alguma coisa se move ele deve chegar primeiro ao estágio intermediário antes de chegar à sua meta. Por exemplo, suponhamos que um objeto se move de A a B, para chegar ao ponto B o objeto deve antes atingir o ponto intermediário B1, mas antes de chegar a B1 deve chegar ao ponto B2 que é a metade da distância entre A e B1,  para chegar a B2 também deve antes chegar ao ponto B3. Esse movimento vai ao infinito demonstrando que o movimento não pode ser iniciado conforme ilustra a figura abaixo:
A-----B3-----B2----------B1--------------------B
Estes paradoxos expostos por Zenão se baseiam sobre o conceito de divisão infinita do espaço, segundo essa divisão podemos decompor o espaço em um número infinito de pontos. Ele igualava o espaço real e físico ao espaço abstraído pela nossa mente. O filósofo não fazia distinção entre esses dois planos. Para ele o plano ideal do nosso pensamento era diretamente relacionado à realidade, criando assim uma relação confusa entre o espaço físico e o espaço geométrico. A visão virtual da geometria é diretamente relacionada com a matéria física, criando assim os paradoxos.
 Zenão de Eléia
Mais informações sobre Zenão de Eléia clique AQUI

Onde Tudo Começou - Mileto

A filosofia ocidental começou com os gregos mas não na Grécia. Os primeiros filósofos que conhecemos viveram no fim do século VII a.C na cidade de Mileto onde hoje é a Turquia (veja mapa). Mileto era uma cidade portuária, uma colônia grega, e por ser porto tinha grande circulação de pessoas de diversos locais e de idéias diversas. Isso em si não justifica o surgimento de uma nova maneira de pensar, mas favorece.

Estes primeiros pensadores de Mileto são conhecidos como Pré-Socráticos, pois antecederam Sócrates. O que conhecemos hoje destes filósofos são exposições de seus pensamentos feitas por outros escritores.

Os pré-socráticos fundaram a filosofia criando um pensamento independente das idéias tradicionais e das crenças costumes da época. Eles começaram a se perguntar sobre o fundamento e a origem das coisas. Esses questionamentos não encontram parâmetro em nenhuma outra sociedade. Esta forma de pensar está na base de todo desenvolvimento conhecido pelo mundo ocidental, em especial no desenvolvimento das ciências.

Os primeiros filósofos tentam responder suas dúvidas buscando a explicação para todas as coisas. A pergunta não é de onde vem tal coisa mas de onde vem todas as coisas. Pergunta-se não quem é tal homem mas quem são todos os homens. A explicação tem que ser sobre toda a realidade e não somente para parte dela. A grande novidade é que os filósofos vão usar a razão para fundamentar seus argumentos.

Os conhecimentos surgidos não tem justificativa. O fim do conhecimento é o próprio conhecimento.

Mileto ficava na Jônia por isso os primeiros filósofos são também conhecidos como pertencentes à escola Jônica. Eles se preocupam com questões da natureza e acreditam que explicando o mundo vão também explicar o homem.

Localização de Mileto no mapa atual.
Antigo artefato de Mileto.

Mais informações sobre Mileto clique Aqui!!!

Tomás de Aquino (1221 - 1274)

  Segundo Tomás de Aquino é a revelação divina que possibilita formularmos enunciados sobre a condição humana e sobre o mundo em que vivemos, é por isso que a preocupação inicial do pensamento do filósofo e teólogo é Deus e posteriormente o homem e o mundo. A filosofia por si só não consegue esgotar os conhecimentos que podemos ter do mundo e de nós mesmos. Para que possamos explorar de maneira mais abrangente a compreensão e a percepção do mundo e dos homens, necessitamos da sacra doutrina revelada por Deus. A fé aperfeiçoa a condição de entendimento da razão e a razão é o argumento aceito por todos os homens para esclarecer os assuntos da fé.

            Cinco provas da existência de Deus
Tomás, seguindo argumentações lógicas, busca provar a existência de Deus através de cinco raciocínios de causa e conseqüência. O primeiro raciocínio é o da modificação e é o que ele considera ser o mais evidente. Os nossos sentidos nos mostram que as coisas do mundo modificam, ora qualquer coisa que modifica é porque sofreu ação de outra coisa. As coisas não podem ser causa das próprias mudanças, tudo que foi modificado foi modificado por outra coisa. Se as modificações que ocorrem no mundo foram ligadas em forma de causa e efeito, deve existir uma causa última que desencadeou todos os outros movimentos, todas as outras modificações e essa causa última de todas as modificações é Deus, pois ele é imutável, não se modifica e é único.
            O segundo raciocínio é o principio causal. As coisas que existem tem necessariamente que terem sido feitas por algo que seja anterior a ela. O principio causal de uma pessoa são seus pais e da mesma forma todas as coisas tem o seu principio causal. Se raciocinarmos seguindo o principio de causa e efeito e formos buscar no passado a causa de todas as coisas, chegaremos a uma causa única que causou todas as outras coisas, essa causa única é Deus.
            A existência necessária é o terceiro raciocínio. No mundo encontramos muitas coisas, ou todas as coisas, que podem ser e podem também não ser, ou ser e deixar de ser o que são. Uma pessoa é, mas pode deixar de ser. Tomás acreditava que é impossível que as coisas sejam sempre, um dia o que é deixará de ser. Mas para que as coisas existam, mesmo que temporariamente, é necessário que exista algo que exista sempre, esse algo que sempre existiu e sempre existirá é Deus.
            O quarto raciocínio é o dos graus de perfeição. De todas as coisas que existem no mundo podemos classificá-las em melhores ou piores. Uma casa pode ser melhor que outra casa que pode ser pior do que uma terceira. Quando seguimos esse pensamento estamos organizando as coisas conforme seu valor, algumas coisas são mais ou menos perfeitas que outras. Na sequência, deve haver algo que seja bom, verdadeiro, virtuoso e perfeito ao máximo grau. A mais elevada perfeição, para Tomás, é Deus.
            O último dos cinco raciocínios lógicos para provarmos a existência de Deus segundo Tomás é o raciocínio do finalismo. Muitas coisas que não tem em si conhecimento de sua finalidade buscam mesmo assim um fim em seus movimentos, como algumas plantas que tem por finalidade produzir frutos. Como o conhecimento da finalidade da planta - produzir frutos - não está na planta, ele deve estar em algum outro ser, e esse ser é Deus.

            Tomás acreditava que o homem é formado por uma natureza racional, uma natureza que tem a capacidade de conhecer e de escolher livremente e é nessa capacidade de escolha que está a raiz do mal, que é a ausência do bem. O homem, para iluminar as suas livres ações em direção do bem, tem à sua disposição a lei eterna, a lei natural e a lei dos homens, e acima dessas três lei tem ainda a lei divina que é a lei manifesta por Deus. A lei eterna é o projeto de Deus para todo o universo. A lei natural, da qual o homem também tem capacidade de conhecimento, tem por fundamento o fazer o bem e evitar o mal, pois dessa forma ele vai proteger a sua existência, e isso também é um bem.
            A lei humana nasce da necessidade que o homem tem de viver em sociedade e de evitar que vivendo socialmente alguns homens cometam o mal, que leva à destruição da sociedade em que vivem. As leis humanas tem por objetivo preservar o bem comum. Mas se as leis humanas não respeitarem as lei naturais ou forem contra as leis divinas, elas deve ser desobedecidas, pois são injustas.

            Tomás busca incluir em um só conjunto a filosofia e a fé. Para representar a filosofia ele toma principalmente as obras de Aristóteles, e para representar a fé ele utiliza as revelações de Deus feita aos homens e da qual a Igreja Católica é guardiã.
            A finalidade suprema do homem é Deus e a razão é dependente da fé. A essência do homem, a sua natureza, é composta pelo corpo e pela alma, o corpo também faz parte da essência do homem, pois ele é o responsável pelas sensações, que não são percebidas somente pela alma.

Sentenças:
- Somente Cristo é verdadeiro sacerdote, os outros são seus ministros.
- Você não possui a verdade, mas é a verdade que te possui.
- Os princípios inatos na razão se demonstram verdadeiros ao ponto de não ser possível pensar que eles sejam falsos.
- Eu não sou a minha alma.
- Humildade é a virtude que freia no homem o desejo de se elevar além do que merece.
- Deus é um ato puro e não em potência, ele tem em si um poder ativo infinito sobre todas as outras coisas. 
- A alma se conhece pelos seus atos.
- Justiça sem misericórdia é crueldade.
- O que se recebe se recebe ao modo do recebedor.
- Tema ao homem de um livro só.
- Para quem tem fé a explicação não é necessária. Para quem não tem fé nenhuma explicação é suficiente.


Tomás de Aquino
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Tomás Campanella (1568 - 1639)

A filosofia para Campanella é interpretar a natureza, que é onde Deus colocou sua expressão. Além de nós mesmos devemos conhecer a natureza, mas conhecer a si mesmo não é uma obrigação para conhecer a natureza, pois toda natureza sabe que existe e sente em si mesma a sua existência. Esse saber-se existente é uma característica inata das coisas naturais. Além do saber inato da própria existência as coisas sabem também que existem outras coisas diferentes de si, esse conhecimento da existência de outras coisas vem do contato. As pessoas não sentem o calor ou o frio, sentem a modificação que sofrem em si mesmas causadas pelo contato com o calor ou com o frio.
            Quando conhecemos algo somos também modificados por esse algo, esse algo nos transforma e deixamos de ser o que éramos. A coisa que conhecemos transfere para nós algo que não tínhamos, nós ganhamos conhecimento, mas ao mesmo tempo perdemos, pois morreu em nós algo e no local desse algo foi colocada parte da coisa que conhecemos. Todas as coisas, inclusive as materiais como as pedras, tem a capacidade de sentir, pois todas tem em si um espírito que também é material. O homem se distingue do restante das coisas materiais por ter, além da alma material, também uma alma espiritual que nos é dada por Deus.
            As coisas no mundo tem basicamente três características: potência, que é a capacidade de ser e ter qualidades que ainda não é ou tem; sapiência, que é a habilidade de saber que existe e é algo; e o amor, que é o querer e gostar de ser o que é. Essas três características encontram-se mescladas umas nas outras, e o contrário delas é a impotência, a insapiência e o ódio. Todas as coisas finitas têm em si as características e o contrário delas. Em Deus não existem as características negativas, pois ele é a máxima potência, a máxima sapiência e o máximo amor.
            O filósofo Campanella presta atenção especial à teologia política, ou à política ordenada e comandada pela religião católica. Ele busca unificar todas as religiões em uma só, a católica, que ele considera a verdadeira, natural e que segue a razão. Teoriza também a unificação de todos os estados em um só. Este estado único deveria ser direcionado pela religião. Acreditava que a religião católica tinha que retornar novamente o seu caminho natural e isso só se daria através de uma renovação, promovida pela filosofia.
Em seu livro A Cidade do Sol, ele exemplifica muito bem qual é sua ideia de sociedade ideal. O Estado perfeito era liderado por um príncipe sacerdote chamado de Sol. Esse príncipe tinha outros três príncipes ajudantes, Pon, Sin e Mor, que são a Potência, a Sapiência e o Amor. Em seu Estado perfeito tudo e detalhadamente organizado e os moradores desse estado utilizam a razão para organizar suas vidas. Segundo Campanella eles sabem que a propriedade privada cria o egoísmo no homem e os incentiva a lutar pela propriedade, por isso todos os bens são comuns. Todos tem que trabalhar e até os menores atos são feitos em comunidade. A Cidade do Sol é comunista e liderada pelos sacerdotes e sábios.
            Campanella colocou como objetivo de sua existência destruir os governos tirânicos, os argumentos falsos e a hipocrisia. A filosofia é o que vai impulsionar a renovação da política e da religião e destruir todas as desgraças humanas. Através da filosofia o homem vai alcançar paz e justiça.
            Dedica também estudos à magia, que ele divide em divina, como os milagres; magia natural como as curas feitas pela medicina ou o movimento das estrelas e por último a magia diabólica que são feitas pelo demônio e que se não conhecermos as diferenças entre as duas primeiras e a última, essa pode parecer milagre.

Sentenças:
- Quanto mais entendo mais ignoro.
- O mundo é uma gaiola de loucos.
- O mundo é o livro onde Deus escreveu suas ideias.
- A morte é doce para quem a vida é amarga.
- Quem tudo sabe tudo é, quem pouco sabe pouco é.
- Mais natural é a sociedade onde os bens são comuns a todos.

 Tomás Campanella
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Giordano Bruno (1548 - 1600)

Para Bruno o universo é constituído de um único corpo, mas as coisas singulares são ordenadas com precisão e estão conectadas com todas as outras coisas. O que fundamenta essa organização são as ideias, que são princípios eternos e imutáveis. Cada coisa particular é uma imitação, uma imagem ou a sombra da realidade ideal que a orienta. Nossa mente também segue essa estruturação universal e nossas ideias não são eternas e imutáveis, mas são o reflexo, o vulto das ideias que não se alteram.
            Mesmo nossas ideias sendo a sombra de algo imutável, através delas podemos chegar ao verdadeiro conhecimento se encontrarmos um método que consiga assimilar e compreender a complexidade da realidade. Esse método tem que ter a capacidade de entender essa estrutura universal ideal que sustenta todo universo.
            Para Giordano o método para entender a unicidade e a multiplicidade do universo é a memória. A memória nos permite impedir que nossa mente se confunda com o grande número de coisas que existem no universo e com os conceitos e representações dessas coisas. Essas representações são sombras das ideias divinas e a memória serve para fixar em nossa mente essas imagens. Através de exercícios de memória podemos colocar em nossa mente um grande número de reflexos das coisas e das ideias divinas, o que torna mais sólida nossa capacidade intelectiva e mais eficaz nossa ação sobre o mundo. Para atingir esses objetivo é que Giordano Bruno foi grande estudioso e professor de mnemônica, que é o estudo de técnicas para facilitar a memorização.
            Bruno sustenta ainda que o universo é infinito, e como infinito não tem um centro nem uma circunferência.
Em seus estudos sobre ética Bruno culpa o cristianismo de inverter os valores morais de sua época. O cristianismo tornou a crença sem reflexão em uma sabedoria, a hipocrisia humana em conselho divino, a corrupção da lei natural em piedade religiosa, o estudo em loucura, a honra em riqueza, a dignidade em elegância, a prudência na malícia, a traição na sabedoria e a justiça na tirania.
            Para combater essa situação Giordano cria uma escala de valores onde em primeiro lugar está a verdade, em segundo a prudência e em terceiro a sabedoria. Em quarto lugar está a lei, que regula o comportamento das pessoas e na sequência, a força de espírito que é a virtude interior.
            Deus, para o filósofo Bruno, não pode ser conhecido pelas suas consequências nem por suas obras, da mesma forma que não podemos conhecer o escultor pela estátua. Não podemos conhecer Deus porque Ele está muito além da nossa capacidade intelectiva. O caminho mais digno para nos aproximarmos de Deus é através da sua revelação.
            Mas Deus como objeto de estudos da filosofia, é a própria natureza. E como natureza Deus é o motivo e a origem do universo. É motivo porque Ele é que define as coisas que formam o universo. E é origem porque é Ele quem dá a existência para as coisas do universo. Deus é o intelecto universal que anima, serve de base e governa o mundo.

Sentenças:
- Deus é tudo em tudo, mas não em cada parte.
- O tempo tudo tira e tudo dá; tudo transforma e nada destrói.
- Não existe satisfação sem tristeza.
- A poesia não nasce das regras.
- Somos a causa de nós mesmos.
- O universo é uno, infinito e imóvel.
- Os homens mais devotos e santos, um dia foram chamados de asnos.
- Não é a matéria que causa o pensamento, mas o pensamento que causa a matéria.
- O homem não tem limites, e um dia se dará conta disso e será livre, ainda neste mundo.
- O amor torna o velho louco e o jovem sábio.
- A ignorância é a mãe da felicidade.

 Giordano Bruno
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Anaximandro (610 - 547 a.C.)

Quase nada conhecemos da sua vida mas sabemos que foi discípulo, seguidor e sucessor de Tales de Mileto. Anaximandro pensava que nosso mundo é somente um entre diversos outros mundos que irão se desenvolver, evoluir e se desintegrar em um processo infinito. Nosso cosmos, um entre os infinitos que existiram e os infinitos que virão, iniciou-se com os contrários principais que são o frio e o calor. Uma idéia muito parecida  de como alguns físicos modernos concebem a teoria do Big-Bang.

Anaximandro estudou e escreveu sobre geografia, astronomia, matemática e política, mas um dos seus principais escritos intitulado Sobre a Natureza não chegou até nós. Existem somente relatos dele. Esta obra é o primeiro escrito filosófico do ocidente. Anaximandro é considerado o fundador da astronomia na Grécia pois mediu a distância entre as estrelas e o tamanho das mesmas. Ao que parece ele iniciou o uso do relógio solar na Grécia e desenhou um mapa do mundo conhecido na época.

Para ele a água não era o princípio de todas as coisas como defendia Tales, assim como nenhum dos quatro elementos fundamentais: terra, fogo, ar e água. Mas tudo começava com o que ele chama de a-peiron, que é o infinito na qualidade e na quantidade. O a-peiron não surgiu de nada mas existe e não tem fim. E justamente por ser infinito em extensão e profundidade pode gerar todas as coisas. Muitos identificam esse infinito com o divino pois é imortal e não pode ser destruído. Aqui a imortalidade não é somente algo que não tem fim mas também algo que não tem começo. Neste ponto Anaximandro destrói as bases das crenças nos deuses gregos. Estes não tinham fim mas tinham começo, eles nascem em um determinado tempo. Anaximandro no entanto não acreditava em nenhum Deus. Para ele as seqüências de se criar desenvolver e destruir eram fenômenos naturais que aconteciam quando a matéria abandonava e se separava do a-peiron. O a-peiron era a realidade inicial e final de todas as coisas e por conseqüência continha em si toda a natureza divina.

Mas ele vai além, ele se questiona também de como e porque as coisas se formam do a-peiron. Para ele es coisas se constituem através de uma eterna luta entre contrários, onde algo não pode existir enquanto existe também o seu contrário. O mediador desta eterna luta é o tempo, que permite que ora exista um e ora exista o seu contrário. Esses contrários podem ser observados na natureza  calor, frio; úmido, seco; claro, escuro, etc. E é o tempo que vai colocar limites para a existência destes contrários.

Anaximandro acreditava que a terra tinha a forma cilíndrica e era circundada por diversas rodas cósmicas que eram imensas e de fogo. A terra ficava suspensa sem que nada a sustentasse o que a conservava desta forma era a igual distância entre todas as partes. Existe um equilíbrio entre as diversas forças que atuam sobre a terra. Para ele o sol é que fez que do líquido do lodo marinho nascessem os primeiros seres vivos. Esses seres marinhos aos poucos foram se desenvolvendo em seres mais complexos. O homem teria se formado inicialmente dentro de alguns peixes. Ali ele se desenvolveu e foi expulso quando cresceu de tamanho o suficiente para manter-se a si mesmo.

Hoje muitos cientistas se admiram com estas antecipações, embora simplistas, de muitos conhecimentos posteriormente comprovados pela ciência:
- Para ele a terra se sustenta através do equilíbrio das diversas forças que atuam sobre ela, o que é parecido com a força da gravidade e com a força centrípeta que é o que mantém a Terra girando em torno do Sol.
- Anaximandro acreditava que os opostos se excluíam. O que é muito parecido com a teoria moderna de que logo após o Big-Bang foram criadas matéria e anti-matéria que se anulam quando se encontram.
- Ele acreditava que o sol agia sobre a água e gerava os seres e estes seres depois se deslocaram para a terra e foram se tornando mais elaborados conforme se desenvolviam. Esse pensamento é muito parecido com a teoria da evolução das espécies.

Anaximandro em detalhe da pintura de Rafael - A Escola de Atenas

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Bernardino Telésio (1509 - 1588)

Telésio discorda das teorias aristotélicas e acusa o filósofo grego de ser contraditório com as suas próprias teorias e com as verdades da Sagrada Escritura. É melhor seguir a experiência da natureza do que seguir a filosofia aristotélica. Para organizar a experiência que temos da natureza Telésio divide-a em três princípios físicos, os dois primeiros princípios são o frio e o calor e ambos são princípios ativos. O terceiro princípio é a matéria e é passiva, pois sofre a ação dos dois primeiros. O frio e o calor são princípios contrários entre si e em seus movimentos eles modificam a matéria. O calor dilata e o frio agrega e junta a matéria e é esse dilatar ou agregar que determina a mudança da matéria. O calor na natureza representa o movimento, pois o que se move é quente e o frio representa a estagnação. Tanto o calor como o frio são imateriais e precisam da matéria à qual vão se ligar, é através da qualidade e da quantidade dessa ligação que vão surgir novas matérias modificando as antigas.
                O frio e o calor são contrários e tentam se evitar reciprocamente. O calor representa a vida e qualquer corpo que tenha um mínimo de calor é animado.
                Bernardino defende ainda em seus estudos físicos de que é possível sim existir o espaço vazio, pois o espaço é algo que tem a capacidade de conter corpos e que pode existir mesmo que os corpos não existam. Acredita ainda que o conhecimento da natureza deve fundamentar-se nos estudos dos princípios naturais e não sobre considerações metafísicas. A natureza é independente e segue regras próprias que não são as regras metafísicas.
                Nosso espírito está situado no cérebro, mas se irradia por todo o corpo. O espírito é também flexível, frágil e discreto e os princípios ativos ? frio e calor ? interferem nele e podem transformá-lo, quando o espírito se transforma toda a pessoa se transforma, pois o espírito age sobre todo corpo. É por isso que as pessoas modificam. O espírito é sensível e percebe as mudanças através da expansão e contração da matéria causada pelo calor ou pelo frio.
                O espírito também tem memória e através dela ele consegue formular princípios universais tentando através do conhecimento das partes, conhecer o todo.
                A Ética de Telésio fundamenta-se na conservação física da pessoa. É ético todo julgamento que permite o homem se conservar vivo, mal tudo que vai contra essa conservação. Assim o bem é o prazer e o mal a dor. O sábio é aquele que não busca somente o prazer imediato ou foge do mal momentâneo, mas aquele que utilizando a lembrança em experiências passadas faz escolhas que levam à conservação do seu espírito. Conservar a si mesmo e ao seu espírito é o fim último para o homem e é nele que está a virtude.

Sentença:
- No homem a substância que sente é a mesma que raciocina.


Bernardino Telésio
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Tomas More (1478 - 1535)

Em sua obra Utopia - que pode ser traduzido como lugar que não existe ou lugar feliz que não existe - Tomas More descreve um imaginário reino situado em uma ilha. Nessa ilha vive uma sociedade ideal que pode ser vista como o oposto idealizado da Europa contemporânea de More ou uma sátira dessa mesma sociedade.
            A obra de More se divide em duas partes, na primeira chamada de Cidade Real o autor faz uma análise crítica sobre a economia e a política da Inglaterra de sua época. Nessa análise More se posiciona contra a pena de morte para os crimes de furto, que tinham aumentado devido ao desemprego e à fome causada pelo aumento da produção de lã para as indústrias têxteis.
            A causa de toda essa situação de pobreza e criminalidade é a propriedade privada e More propõe a sua abolição e a divisão dos bens materiais de forma igualitária.
            Na segunda parte do livro More descreve a Cidade Perfeita existente na ilha Utopia, que se assemelha à Inglaterra. Na Utopia a propriedade privada é proibida por lei e o cultivo da terra é feito em intervalos de dois anos por qualquer cidadão. Todos tem que trabalhar no mínimo 6 horas por dia e um lugar de destaque é dado ao estudo de ciência e de filosofia.
            A família monogâmica é o fundamento da sociedade utópica. As mulheres podem se casar com 18 anos e os homens com 22. O divórcio e permitido e o adultério é punido com severidade
            A tolerância religiosa é outro destaque da comunidade utópica, mas todos são obrigados a crer na Divina Providência e na imortalidade da alma. Todos admitem a existência de Deus, mas cada um pode prestar culto e adorar esse Deus conforme sua preferência. Todos podem tentar convencer os outros da verdade da sua fé, mas sem o uso da violência ou do insulto. A multiplicidade de rituais e cerimônias agrada a Deus segundo More.
            O filósofo nessa obra busca racionalizar a estrutura do estado em uma forma ideal.  A razão é que vai fundamentar a política. Ele coloca ainda que o caminho natural do homem é a busca do prazer e é pelo prazer que o homem pode chegar à solidariedade pois percebe que assim como o prazer é um bem para ele, também é um bem para os outros que convivem em sociedade e que em uma sociedade que busca o prazer todos os indivíduos podem mutuamente se proporcionar esse bem.
            Para termos uma sociedade organizada e para acabarmos com os males que atormentam essa sociedade temos que utilizar a razão e alguns elementos básicos que comandam a natureza e os homens, pois a natureza e a razão se equilibram em suas regras.

Sentenças:
- Os proprietários são como zangões que vivem do trabalho alheio.
- O homem não pode se separar de Deus nem a política da moral.
- Continuo fiel servidor do Rei, mas antes sou servidor de Deus.
- Os homens quando recebem um mal escrevem no mármore, mas um bem escrevem na poeira

Tomas More
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