segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Anaximandro (610 - 547 a.C.)

Quase nada conhecemos da sua vida mas sabemos que foi discípulo, seguidor e sucessor de Tales de Mileto. Anaximandro pensava que nosso mundo é somente um entre diversos outros mundos que irão se desenvolver, evoluir e se desintegrar em um processo infinito. Nosso cosmos, um entre os infinitos que existiram e os infinitos que virão, iniciou-se com os contrários principais que são o frio e o calor. Uma idéia muito parecida  de como alguns físicos modernos concebem a teoria do Big-Bang.

Anaximandro estudou e escreveu sobre geografia, astronomia, matemática e política, mas um dos seus principais escritos intitulado Sobre a Natureza não chegou até nós. Existem somente relatos dele. Esta obra é o primeiro escrito filosófico do ocidente. Anaximandro é considerado o fundador da astronomia na Grécia pois mediu a distância entre as estrelas e o tamanho das mesmas. Ao que parece ele iniciou o uso do relógio solar na Grécia e desenhou um mapa do mundo conhecido na época.

Para ele a água não era o princípio de todas as coisas como defendia Tales, assim como nenhum dos quatro elementos fundamentais: terra, fogo, ar e água. Mas tudo começava com o que ele chama de a-peiron, que é o infinito na qualidade e na quantidade. O a-peiron não surgiu de nada mas existe e não tem fim. E justamente por ser infinito em extensão e profundidade pode gerar todas as coisas. Muitos identificam esse infinito com o divino pois é imortal e não pode ser destruído. Aqui a imortalidade não é somente algo que não tem fim mas também algo que não tem começo. Neste ponto Anaximandro destrói as bases das crenças nos deuses gregos. Estes não tinham fim mas tinham começo, eles nascem em um determinado tempo. Anaximandro no entanto não acreditava em nenhum Deus. Para ele as seqüências de se criar desenvolver e destruir eram fenômenos naturais que aconteciam quando a matéria abandonava e se separava do a-peiron. O a-peiron era a realidade inicial e final de todas as coisas e por conseqüência continha em si toda a natureza divina.

Mas ele vai além, ele se questiona também de como e porque as coisas se formam do a-peiron. Para ele es coisas se constituem através de uma eterna luta entre contrários, onde algo não pode existir enquanto existe também o seu contrário. O mediador desta eterna luta é o tempo, que permite que ora exista um e ora exista o seu contrário. Esses contrários podem ser observados na natureza  calor, frio; úmido, seco; claro, escuro, etc. E é o tempo que vai colocar limites para a existência destes contrários.

Anaximandro acreditava que a terra tinha a forma cilíndrica e era circundada por diversas rodas cósmicas que eram imensas e de fogo. A terra ficava suspensa sem que nada a sustentasse o que a conservava desta forma era a igual distância entre todas as partes. Existe um equilíbrio entre as diversas forças que atuam sobre a terra. Para ele o sol é que fez que do líquido do lodo marinho nascessem os primeiros seres vivos. Esses seres marinhos aos poucos foram se desenvolvendo em seres mais complexos. O homem teria se formado inicialmente dentro de alguns peixes. Ali ele se desenvolveu e foi expulso quando cresceu de tamanho o suficiente para manter-se a si mesmo.

Hoje muitos cientistas se admiram com estas antecipações, embora simplistas, de muitos conhecimentos posteriormente comprovados pela ciência:
- Para ele a terra se sustenta através do equilíbrio das diversas forças que atuam sobre ela, o que é parecido com a força da gravidade e com a força centrípeta que é o que mantém a Terra girando em torno do Sol.
- Anaximandro acreditava que os opostos se excluíam. O que é muito parecido com a teoria moderna de que logo após o Big-Bang foram criadas matéria e anti-matéria que se anulam quando se encontram.
- Ele acreditava que o sol agia sobre a água e gerava os seres e estes seres depois se deslocaram para a terra e foram se tornando mais elaborados conforme se desenvolviam. Esse pensamento é muito parecido com a teoria da evolução das espécies.

Anaximandro em detalhe da pintura de Rafael - A Escola de Atenas

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